Cores unidas de Portugal!
Foi no dia 25 de Janeiro que tudo aconteceu, o mundo parecia desabar num rio de lágrimas, Miki(Miklos Fehér) caíu no relvado.
No inicio ninguém parecia perceber o que se passava, muitos pensavam que eram fitas, pois de isso o nosso futebol é bastante rico, mas não, algo de muito errado se estava a passar no relvado.
O rosto dos seus colegas não enganava, Miki estava mal, e quando falo colegas não são só os do Benfica mas também os do Vitória de Guimarães, todos ali a criar uma espécie de força espiritual de forma a que de alguma maneira fosse benéfico para a situação.
Os próprios adeptos que cobriam as bancadas do D. Afonso Henriques apercebendo-se da situação choravam e aclamavam o nome de Miklos Fehér, Miklos Fehér..., como se isso o fizesse voltar, mas não, ele ali caído no relvado rodeado de médicos, massagistas, bombeiros, todos numa tentativa incessante de reanimação para o fazer voltar para o nosso mundo, o que não viria acontecer.
O «milagre» não aconteceu, Miki acabou por falecer no Hospital. Portugal ficou incrédulo e atmorizado, levantaram-se muitas questões e uma delas bastante pertinente. "Como é que um atleta de alta competição com apenas 24 anos sofre uma paragem cardíaca?" Na realidade isso pode ocorrer a qualquer jogador mesmo sendo de alta competição. Todos os exames ditos "normais" são inconclusivos. O infortúnio bateu à porta de Miki.
Os dias que se seguiram logo após o jogo até à sua transladação para a Hungria ravelaram algo que nunca antes se tinha visto no país.
O povo português é um povo de emoções transbordantes, tendencialmente pacifico e de coração grande.
Mais solidário na desgraça do que na alegria, capaz de unir mais na morte do que na vida.
Foi impressionante como o povo se uniu em todas as cores, num sentimento tão forte e tão colectivo, perante essa trágica onda de choque nacional, em que espontaneamente se transformou a morte prematura e brutal de Miklos Fehér.
Os adeptos de futebol ofereceram ao país uma das mais belas lições de vida a que nos foi dado assistir. De toda a parte iam chegando ao Estádio da Luz, gente anónima, com cachecois e bandeiras de todas as cores. Foi de facto impressionante dirigentes dos três grandes clubes nacionais esquecerem o que os desunia, foi um abraço de um país reconciliado com a sua grandeza de alma.
Esse foi de facto o «milagre» de um jovem Húngaro que portugal inteiro fez questão de chorar.
Passados 10 meses e 20 dias da fatalidade resta saber se os clubes ainda se lembram do que aconteceu no passsado recente, pelos vistos não, as desavenças que demarcam pela negativa o futebol e tudo o que este envolve social e culturalmente continuam. Resta então lembrar que nada está acima da vida de um ser humano.
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